segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Lendo o Auto de fé do Elias Canetti

Não tinha idéia de que o livro ia falar sobre um cara fissurado em livros.
Quando não tinha Livros físicos com os quais ele poderia conversar, Kien carregava uma "biblioteca de emergência" em sua cabeça. Todas as noites no hotel onde ele ia dormir por ter sido expulso pela esposa de sua propria casa, ele descarregava os livros que carregava na mente, não antes , é claro de forrar todo o chão com papel de embrulho para não sujar os livros. Maior viagem este livro, mas, segundo algumas resenhas que li, diz respeito a incomunicabilidade das pessoas. Se você ler vai notar que por mais que as pessoas falem umas com as outras, é como se elas não existissem uma para a outra e ao fim, cada uma fazia o que bem queria. O resultado é o pior possível, solidão, egoísmo, desprezo pela opinião do outro, inveja, cobiça e por ai vai. Quer embarcar numa aventura com um bibliotecário louco, um anão ladrão, uma quarentona obesa de saia azul e um zelador brucutu? Então leia Auto de fé de Elias Canetti:





Ao ver o zelo de Kien com os livros me lembro de um homem que me viu trabalhando na biblioteca da fazenda Pinhal em São Carlos e conversou um pouco comigo sobre sua propria biblioteca. Ele tinha na cabeça sua propria classificação, não queria que eu colocasse na ordem de assuntos da classificação decimal de Dewey ou algo assim. Sua esposa, porém não conseguia encontrar nada do que queria ou quase nada na biblioteca de 20000 volumes. Ele disse-me que tinha medo que qualquer pessoa mexesse em sua biblioteca porque ele nunca mais encontraria os livros de sua predileção. Eu garanti que meu trabalho é justamente fazer as pessoas acharem os livros e que haviam várias formas de trabalhar que inclusive ele podia congelar a localização dos livros pois seriam encontrados via sistema informatizado. Bom, não teve o que convencesse a este homem a me contratar para organizar sua biblioteca. Não creio que não tivesse dinheiro para pagar pelo meu trabalho, mas sim que ele não suportava a idéia de ver alguém mexendo nos seus amados livros. O nome desse homem é Luis Carlos Bresser Pereira. Talvez soe familiar…rss

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